Porém, num certo momento, ouviram "Tente Outra Vez", hino escrito pelo eterno Maluco Beleza em um de seus raros momentos de otimismo. Diz a letra: "Veja, não diga que a canção está perdida/ Tenha fé em Deus, tenha fé na vida/ Tente outra vez".
"Estávamos passando por um momento muito difícil e, de repente, a música do Raul tocou no rádio. Aquilo foi um grande conselho e marcou a nossa vida", lembra Chitãozinho, em entrevista por telefone.
Neste domingo (29), ele e o irmão mais novo sobem ao palco do Ribeirão Rodeo Music para comemorar os 40 anos de uma carreira feita de altos e baixos, em que a perseverança foi vital para que alcançassem o sucesso.
Do primeiro disco, "Galopeira", até o sucesso de "Fio de Cabelo", de 1982, foram doze anos de muita luta.
"’Fio de Cabelo’ mudou tudo. Até então, a música sertaneja era muito regional e não tocava em FM. Colocamos a música feita no interior do país no show business", explica.
Inseparáveis
O novo show demonstra o quanto a cultura caipira mudou com os avanços tecnológicos. O novo espetáculo, "Inseparáveis", mistura elementos virtuais com banda ao vivo. Ou seja, por meio de um telão, os cantores sertanejos vão dividir o palco com artistas convidados e até mesmo com uma orquestra.
Chitãozinho conta que nomes como Jair Rodrigues, Sandy e a Filarmônica comandada pelo maestro João Carlos Martins, vão marcar presença na apresentação deste domingo por meio de registros pré-gravados.
"O instrumental é ao vivo, por isso não pode haver nenhuma falha. É emocionante", explica.
Desde 2010, os irmãos paranaenses realizam uma série de shows e projetos em homenagem aos 40 anos de carreira. A primeira empreitada foi o CD/DVD que teve a participação de várias duplas da nova geração do sertanejo universitário, como Jorge e Mateus, João Bosco e Vinicius, Guilherme & Santiago, Hugo Pena e Gabriel, Eduardo Costa, João Neto e Frederico, Luan Santana, entre outros.
Depois lançaram o DVD "40 anos Amigos" que reuniu os grandes medalhões da música sertaneja como Rio Negro e Solimões, Milionário e José Rico, Edson, Zezé di Camargo e Luciano, Sérgio Reis, Bruno e Marrone, César Menotti e Fabiano, Gian e Giovani, Leonardo, entre outros.
Em 2011, lançaram o DVD ‘Chitãozinho e Xororó 40 anos Sinfônico’, gravado na Sala São Paulo, dedicado à música erudita.
"Foi a realização de um sonho, porque sempre quis ver a nossa música no mesmo patamar que o da música clássica", diz.
Músico aprova a nova geração
O cantor vê o sucesso do sertanejo universitário com bons olhos. "O sertanejo universitário é uma sequência do que fizemos lá nos anos 1980. O público se renovou e é bom porque estamos todos juntos", garante. Chitãozinho acredita que o disco "Somos Apaixonados", de 1982, que, puxado pelo sucesso de ‘Fio de Cabelo’, vendeu quase dois milhões de cópias, foi o divisor de águas da história da música sertaneja. Graças a este álbum, o estilo domina as paradas de sucesso há décadas. Ou seja, sem Chitãozinho e Xororó, não existiria Luan Santana.
"Acho que fomos pioneiros mesmo. Nós inserimos instrumentos eletrônicos na música sertaneja", argumenta. Ao final, ele surpreende ao falar sobre os artistas que o influenciaram, a dupla Belmonte e Amaraí, de "Esquina do Adeus" e "Desventuras", e os Beatles. "Gostamos de Beatles até hoje. De vez em quando ouço um disco antigo e penso: ‘Rapaz, eles já faziam isso naquela época’. Fomos ao show do Paul e posso dizer que foi um dos melhores que já assisti", afirma.


Nenhum comentário:
Postar um comentário